Imagem: Google

***para Juscelino Mendes e Diacui,
meus irmãos da etnia Pataxó/BA ***
I
Tive sonhos imundos
sonhos estranhos
pesadelos…
Troncos seculares de árvores mortas
àguas turvas, animais em chama
tamanduás pisoteados pelo progresso
nossos curumins órfãos
nossos velhos desesperados.
II
Vi a morte de perto
e a sua capa pesou em meus ombros.
Ouvi discursos bonitos
quais túmulos caiados
e quando os meus olhos se fecharam
veio um pedaço de rio à beira da morte
e desabou sobre mim
os seus descaminhos.
III
Vi os meus parentes desnutridos
vi tanta miséria
que o meu pranto se transformou
num rio triste, sem fim.
IV
E apesar da escuridão
sonhei com o amanhecer
desejei tanto viver
que ouvi um sabiá cantar na mata
e ao seu lado, uma voz guerreira:
V
_ Acordai, acordai,
que é chegada a hora
de repensar nossa atitude
em relação ao Planeta!
Graça Graúna (indígena potiguara/RN), 7 de junho de 2009
NOTA: poema publicado no Overmundo.

8 comentários sobre “…pobre Planeta

  1. Sonia Brandão, poetamiga: cada dia que passa venho escrevendo poemas tristes. Vou atendendo a voz do texto, acreditando na esperança de um tempo melhor. A sua leitura me anima. Gratissima por sua presença. Em Ñanderu, Grauninha

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  2. Graça, você, alem de competente poeta, é uma graça! Consegue por em breves linhas um brado, que deveria ser de todos nós. O Planeta está exangue, por que desrespeitado a todo instante. Interessante a sua esperança, esperança de todos nós, expressada no poema. Somos índios herdeiros direto dessa herança bendita de cuidar do planeta. Obrigado pela gentileza da dedicação.Um beijo!

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  3. Meu querido Juscelino: estou muito feliz com a sua presença no meu blog. Quando fiz este poema me lembrei de você e da querida Diacui. Só lamento não ter escrito algo mais esperançoso, mas Ñanderu cuidará dos nossos caminhos. Sim, cuidar do planeta é a nossa herança. Grata pelo carinho.Bjos

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