Da Ancestralidade: as primeiras lições

Ilustração de Carmen Barbi, no meu livro “Flor da mata”, 2014, p.11. Foto: G.Graúna
Trilhas ancestrais


Aprendi com os meus pais
a trilhar desde cedo 
à luz da Ancestralidade

Mergulhei pelos caminhos
ainda na barriga da minha mãe
e à medida que a intuição
foi chegando
aprendi a ler o tempo
nas tranças da minha avó

A Ancestralidade nos une


Graça Graúna
(Indígena, povo potiguara/RN)

Como quer a poesia

Foto: G.Graúna
O corpo, o espírito, o pensamento

               para Demetrios Galvão 

a gente entra em casa
e vê uma estante
pequena e preta 
que ilumina quem chega.
Os habitantes, em maioria,
são livros de poesia.
Os mais recentes moradores 
chegaram, há pouco, do Nordeste
e se juntaram a poet’amigos, 
poet'amigas e um monte de gente
sabedora do amanhã
e da “sorte desconhecida.”
Você nem imagina o tanto de gente
que habita essa estante
e leva a gente pra luta, pra vida
porque lutar é viver e reabitar
o corpo
o espirito
o pensamento
como quer a poesia

                                             Graça Graúna 
                                            (Indígena potiguara/RN)
Livros: “Reabitar” (Ed. Moinhos/Belo Horizonte, 2019) e “A insconstância dos fluxos” (Ed. Primata/São Paulo, 2023), poesia, de Demétrios Galvão. Foto: G.Graúna

Pelo fortalecimento dos povos indígenas (I)

FUNAI passa a se chamar Fundação Nacional dos Povos Indígenas

Foto: Mario Vilela/Funai

Matéria: Assessoria de Comunicação/Funai

O órgão federal responsável pela política indigenista brasileira passou a ser denominado Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai). A mudança consta na Medida Provisória nº 1.154, de 1º de janeiro de 2023, que estabelece a organização dos órgãos da Presidência da República e dos ministérios.

Criada por meio da Lei nº 5.371, de 5 de dezembro de 1967, a Funai é a principal executora da política indigenista do Governo Federal. Sua missão institucional é proteger e promover os direitos dos povos indígenas no Brasil. Antes vinculada ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, a autarquia integra agora a estrutura do recém-criado Ministério dos Povos Indígenas.

Cabe à Funai promover estudos de identificação e delimitação, demarcação, regularização fundiária e registro das terras tradicionalmente ocupadas pelos povos indígenas, além de monitorar e fiscalizar as terras indígenas. A Funai também coordena e implementa as políticas de proteção aos povos isolados e recém-contatados.

É, ainda, seu papel promover políticas voltadas ao desenvolvimento sustentável. Nesse campo, a Funai promove ações de etnodesenvolvimento, conservação e a recuperação do meio ambiente nas terras indígenas, além de atuar no controle e mitigação de possíveis impactos ambientais decorrentes de interferências externas às terras indígenas.

Compete também ao órgão estabelecer a articulação interinstitucional voltada à garantia do acesso diferenciado aos direitos sociais e de cidadania aos povos indígenas, por meio do monitoramento das políticas voltadas à seguridade social e educação escolar indígena, bem como promover o fomento e apoio aos processos educativos comunitários tradicionais e de participação e controle social.

A atuação da Funai está orientada por diversos princípios, dentre os quais se destaca o reconhecimento da organização social, costumes, línguas, crenças e tradições dos povos indígenas, buscando o alcance da plena autonomia e autodeterminação dos povos indígenas no Brasil, contribuindo para a consolidação do Estado democrático e pluriétnico.

Indígena na Presidência

Pela primeira vez em 55 anos de história a Funai [é] presidida por uma mulher indígena. A advogada Joenia Wapichana [está] à frente da Fundação. Joenia tem bacharelado em Direito pela Universidade Federal de Roraima (UFRR) e Mestrado em Direito Internacional pela Universidade do Arizona. Natural de Boa Vista, estado de Roraima, acumula uma longa trajetória de defesa dos povos originários. Ela foi a primeira mulher indígena a exercer a advocacia no país e também a primeira deputada federal indígena do Brasil.

NOTA: para atualizar esta noticia, eu (Graça Graúna) empreguei os verbos ser e estar, no presente (Cf. último parágrafo) com referência à data em que a advogada indígena Joenia Wapichana foi nomeada presidente da Funai em 01/01/2023.