
Fios do tempo (quase haikais), novo livro da escritora Graça Graúna, um profundo e revigorante respiro!
por Cláudio Henrique (jornalista, MS em Comunicação, pela UFMG)
Graça Graúna é mais que escritora, é costureira – em todos os sentidos e representações. Costura a vida. Vida que se faz teia. Teia de afetos. A autora entrega-se a esse emaranhado – abraça e compõe. Não se esquiva ao sopro do vento, nem lhe escapa o canto do pássaro. O tempo corre em suas veias, escorre na ponta dos dedos, o papel recebe as gotas poéticas. A voz ecoa. Tudo é imagem e som.
A escrita de Graça Graúna tem uma sonoridade peculiar que só as literaturas de autoria indígena possuem. A autora não desperdiça palavras e não economiza sentimentos. Um constante devir-tempo-espaço. Poética visceral, poesia ancestral, descolonizadora. Verbo encarnado!
Fios do tempo (quase haikais), apresenta-se como um mosaico Ameríndio, onde beija-flor, ipês, cajueiros, quaresmeiras, umbuzeiros, buganvílias, hibiscos se entrelaçam aos rios e matas, aos arranha-céus e ao céu, ao sol e ao mangue, aos restos do dia e aos mistérios da noite, aos encantos da lua e ao som da flauta do pajé. Poemas minimalistas embalados pela [aparente] simplicidade e sabedoria, uma obra de arte a ser contemplada pelas mentes aceleradas e inquietas.
Poesia é arte. Arte é respiro. A literatura de Graça Graúna é respiro. Mais que isso. É refúgio, alento, grito, fúria, calmaria, tradução do indizível, lugar de memórias, do vivido, do sonhado, do fabulado. Fios do tempo (quase haikais) são fragmentos que se estendem no tempo da escrita e no espaço das páginas.
Graça Graúna é a verdadeira expressão poética feminina contemporânea e, parafraseando a autora, enquanto houver poesia, existirá comunicação! Fios do tempo (quase haikais), nos dá o direito de sonhar e tecer a vida junto de quem fez as primeiras costuras e nos entregou. Costura no sentido figurado e literal porque a edição é da Baleia Cartonera, voltada para a produção de livros de forma totalmente sustentável. Desde 2020, a editora “lança livros de gente grande com os pés no chão. Gente que, tantas vezes, com os seus afazeres de poesia, boniteza e esperança entoa um ritmo tão poderoso que sustenta os céus sobre nossas cabeças”.
Movimento Cartonero
Surgiu em 2003, na Argentina, e foi fruto da sobrevivência dos escritores e da população desempregada do país. Os livros no formato cartonero são feitos artesanalmente e de papelão. No Brasil, especialmente no Nordeste, esse tipo de confecção de obras chegou e ganha cada vez mais popularidade. Em Pernambuco, esse movimento começou em 2015. O Movimento Cartonero é, sem dúvida, um grande aliado da preservação ambiental e da literatura. Os materiais utilizados podem ser diversos – papelão para a capa, caixa de leite UHT, que tem um melhor acabamento, além de papel para impressão, linha e tintas.
A autora
Graça Graúna: mulher indígena do povo potiguara do Rio Grande do Norte. Nasceu na pequena cidade de São José do Campestre/RN a 70km das cidades de Goianinha e Canguaretama; onde vivem os parentes indígenas potiguara, na Aldeia Catu. Filha da Terra e de Tupã. Mãe, Avó, Escritora, Educadora, Professora da Universidade de Pernambuco (UPE), na área de Literatura e com atuação também, no Curso de Licenciatura em Ciências Socais. Responsável pelo “Blog Tecido de Vozes”, (gracagrauna.com), no WordPress. Não tem Facebook, nem Twitter; mas respeita muito quem sabe lidar com leveza e respeito nas redes sociais. Gosta de escrever e receber cartas e aproveita as horas vagas para costurar, rabiscar/desenhar e fazer aquarelas com café.
Serviço
Lançamento do livro “Fios do tempo (quase haikais)”, de Graça Graúna
Canal: https://www.youtube.com/c/UFRPEoficial
Quando: 10 de dezembro de 2021
Horas: 19h
Contato: teardapalavra@gmail.com
Ficha técnica
Título: Fios do tempo (quase haikais)
Autor: Graça Graúna
Apresentação: Paula Santana
Concepção: Robson Farias e Rodrigo Aquino
Diagramação e montagem: Rodrigo Aquino
Editora: Baleia Cartonera
Ano: 2021
Ansiosa pela leitura de Fios do tempo
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abraço grande e gratidão pelo carinho
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Querida Rita Godet: gratidão pela leitura. Fique com Tupã.
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Só tenho a agradecer a essa grande escritora nordestina, costureira das nossas histórias indígenas.
Grande representação da mulher indígena do Nordeste, parabéns minha parenta e xará Graça Graúna!
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Gratidão pela leitura, queida parente Atikum. Fique com a força de Tupã.
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Querida Graça Atikum: muito agradecida, de coração por sua doce presença.
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