Em Havana a ancestralidade nos une

Crédito: GGraúna. Vedado, Havana

Representando o Brasil na 32ª Feira Internacional do Livro, em Havana, junto à Comitiva de Escritores/as e Quadrinistas convidados/as pelo Ministério da Cultura (MinC), tive a honra de conhecer pessoas maravilhosas e lugares sonhados.  

Na Casa de las Américas, estive no início da tarde de 16/02/2024, onde aconteceu a leitura de poesia comigo e com a parente indígena Marcia Kambeba. Antes da leitura, visitamos o salão Che Guevara, onde (entre outras obras de arte) está exposta a escultura “Árvore da vida”, do artista mexicano Alfonso Soteno. Na ocasiãao, estava presente a conterranea quadrinista Luiza de Souza (Ilustralu). Sobre o momento de leitura, cabe destacar a participação de Diana (intérprete cubana) e a mediação de Amanda Sanches Veja (especialista no Programa de Estudos sobre Culturas Originarias). Na histórica Casa de las Américas, tive a oportunidade de apresentar com a parente indígena Kambeba, algumas leituras de poemas que escrevemos; um fazer poético entremeado de histórias vivenciadas por cada uma de nós, à luz da nossa Ancestralidade. Nessa mesma tarde, assisti ao relevante debate sobre “Literatura e racismo no Brasil contemporâneo”, apresentado por Marcelo de Salete, Eliana Alves Cruz e Conceição Evaristo.

No Centro Histórico de La Habana, especificamente na Casa Vitier García Marruz, os rostos que eu vi na plateia trouxeram lembranças do meu pai; à semelhança de rostos de Pernambuco, do Nordeste do Brasil. No centro Histórico, tivemos no meio da tarde de 17/02 o Painel de promotores de poesia, intitulado: “Mito e ritual no imaginário poético de culturas ancestrais”.  Enfatizando a poesia indígena, a parente Kambeba e eu participamos da primeira mesa. Na sequência, ouvimos a pesquisadora e escritora cubana Zuleica Romay Guerra, que trouxe abordagem sobre poética afroamericana e, entre outros,  apreciamos também a poeta Yaneth Teresa Álvarez Montiel, da Corporação Nacional de Declamadores e Poetas de Chinú, Córdoba.

Costumo sempre dizer, que a Ancestralidade nos une. Com esse espírito, fui ao encontro de Elisa Lucinda, na tarde do dia 18/02. O debate-papo aconteceu no Stand Brasil, instalado no Forte San Carlos de la Cabana, em Havana.  Foi um momento muito gratificante participar da mesa com Lucinda. Com a mediação de Andressa Silva (MinC), conversamos sobre “A poesia hoje”; as intervenções poéticas e criação literária.

À luz dessa jornada, trago a sensação de que eu cresci bastante; pois como nos ensina o poeta José Marti: “Ler é crescer”. Penso assim e tomo a liberdade de sublinhar também o pensamento do poeta Whitman, citado por Yaneth Montiel, no editorial da Revista Oro de Guaca, Córdoba (Edición 29): “No dejes de crer que las palavras y las poesías sí pueden cambiar el mundo”.

Graça Graúna (Escritora indígena, povo ptiguara/RN)

32ª Feira Internacional do livro em Havana

  

   Brasil é o país homenageado da 32ª Feira Internacional do Livro de Havana (FILH 2024) que ocorrerá de 15 a 25 de fevereiro, na capital cubana. A cerimônia de abertura do evento contará com a presença do presidente da República de Cuba, Miguel Díaz-Canel, e da Ministra da Cultura do Brasil, Margareth Menezes. A agenda do Ministério da Cultura (MinC) em Cuba será de 14 a 19 de fevereiro e tem como objetivo potencializar as ações conjuntas de cooperação e intercâmbio na área cultural entre os dois países. 

   Além da ministra, a comitiva do MinC contará com a presença do secretário de Formação, Livro e Leitura, Fabiano Piúba, e do presidente da Fundação Biblioteca Nacional (FBN), Marco Lucchesi. A pasta levará uma delegação de 15 escritores (as) brasileiros (as) escolhidos (as) por meio da curadoria tripartite composta por integrantes do Ministério, da FBN e o Instituto Guimarães Rosa (IGR), unidade vinculada ao Ministério das Relações Exteriores (MRE). 

   Os escritores e escritoras Ailton Krenak, Conceição Evaristo, Eliana Alves Cruz, Elisa Lucinda, Emicida, Frei Betto, Jarid Arraes, Jeferson Tenório, Marcelo D’ Salete, Márcia Kambeba, Cidinha da Silva, Graça Graúna, Otávio Júnior, Socorro Acioly e Patricia Melo contribuirão com a difusão da cultura brasileira por meio do incentivo à leitura e formação de novos leitores. 

   A ministra Margareth Menezes aponta que Brasil e Cuba têm desafios comuns no setor cultural. “Acreditamos que a cultura é um elemento agregador, que tem um valor intrínseco, simbólico, mas também um papel transformador da sociedade. A cultura forma cidadãos, cria repertórios, ajuda a desenvolvermos uma leitura crítica do mundo. A cultura tem também um papel no desenvolvimento, gera trabalho e emprego gera riqueza, de forma sustentável”, reforça. 

   Para o secretário Fabiano Piúba, a FILH é uma das mais importantes da América Latina e, certamente, a mais importante do Caribe neste universo literário. “Trata-se de uma feira democrática que ocorre nas ruas e praças de Havana. Para nós é uma grande honra preparamos uma programação com um grupo de escritores e escritoras que irão compartilhar suas experiências literárias, acadêmicas e artísticas, traduzindo uma diversidade cultural brasileira em Cuba. Mas, para além dessa agenda, sob a chefia e liderança da ministra Margareth Menezes, será assinado um Memorando de Entendimento (MoU) entre os ministérios da Cultura de ambos os países”, ressalta. 

   O MoU visa a realização de ações conjuntas de cooperação e intercâmbio na área cultural e será assinado no sábado, às 9h30, durante reunião bilateral da ministra Margareth Menezes com o ministro da Cultura de Cuba, Alpidio Alonso Grau. Além da Feira do Livro, a ministra da Cultura cumprirá agenda de reuniões bilaterais com autoridades cubanas e visitará equipamentos culturais.

Presença confirmada 

   Ganhadora do Prêmio Jabuti de Contos 2022, a escritora carioca Eliana Alves Cruz comentou sobre a oportunidade de representar a literatura brasileira no país caribenho. “Esta é a primeira grande delegação brasileira de escritores e escritoras para um evento internacional literário, após um período terrível de ataques ao pensamento, à cultura e a democracia. Já é histórico, mas se torna ainda mais emblemático por ser em Cuba, um local com processo colonial e diáspora africana tão semelhantes ao do Brasil. Certamente um grande momento que ficará para as gerações futuras”, destaca. 

   O evento contará também com a participação dos quadrinistas brasileiros Ana Luiza de Souza Freitas, Gidalti Oliveira Moura Júnior, Alcimar Mendes Frazão, João Carlos Pires Pinheiro, Sirlene Francisco Barbosa e a curadora da Bienal de Quadrinhos de Curitiba, Luciana Falcon Anselmi. 

Feira Internacional do Livro de Havana 

Nesta edição, sob o tema “Ler é construir identidade”, a FILH 2024 se consolida como um ambiente de intercâmbio cultural, colocando a literatura como principal ferramenta para a troca de conhecimento entre Cuba-Brasil. O festival também simboliza a relação entre os países na promoção da cultura, na divulgação dos escritores para a formação da consciência individual e coletiva do pensamento crítico autêntico. 

   Para tal, a programação teórico-cultural do evento inclui uma variedade de espaços associados à literatura e ao saber, entre os quais se destacam: o Salão Profissional do Livro, onde ocorrerão a Oficina Nacional do Livreiro e o Encontro de Editores e Tradutores Literários. 

   Da mesma forma, será realizado o Encontro de Historiadores e os colóquios de Ciências Sociais e de Saúde Humana e Meio Ambiente. Além disso, no âmbito da celebração, acontecerão o Evento de Publicações Seriais e Mídia Digital, o Encontro de Jovens Escritores da Ibero-América e o Encontro de Promotores de Poesia. 

   Durante a FILH 2024, escritores, tradutores e profissionais do segmento terão ainda a oportunidade de promover, comercializar, negociar e interagir com seus principais destinatários, o público leitor e os empresários do ramo. 

Serviço 

MinC participa da 32ª Feira Internacional do Livro de Havana 

Data: 14 a 19 de fevereiro de 2024  

Local: Havana, Cuba 

Fonte da noticia: MinC

Bienal do livro de Pernambuco: diálogos com a ancestralidade

A Bienal Internacional do Livro de Pernambuco, em sua XIV edição, traz Escritoras do Movimento Mulherio das Letras.

Quando: 12 de outubro

Local: Centro de Convenções

Horário: 17h

Participe da mesa de debate Escrita literária e seus diálogos com a ancestralidade, com as seguintes convidadas do Rio Grande do Norte:

BIA CRISPIM: professora da rede pública do estado do Rio Grande do Norte e mãe de 12 gatos. É graduada em Letras/Português pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), onde fez Especialização em Ensino de Espanhol como Língua Estrangeira. É Mestre e atualmente doutoranda em Literatura Comparada na área das Poéticas da Modernidade, também na UFRN. Palestrante e escritora. Autora do livro No Horizonte Tem Chuva Fiando (2022) e do blog Fiando Horizontes. Desde 2020, contribui semanalmente para colunas em sites de agências de notícias potiguares. Militante pró-LGBTIA+, sobretudo da comunidade Trans/Travesti. É Transfeminista e feminista vinculada aos grupos ATREVIDA/RN, Coletivo Chá das Marias – Parelhas/RN e Mulherio das Letras Zila Mamede/RN. Leitora ávida, Bia encontrou na escritura, na docência e na pesquisa caminhos para a dignidade, a representatividade, a difusão de saberes e a quebra de estigmas e preconceitos, sobretudo contra as mulheres Trans/Travestis.

CARLA ALVES: natural de Natal, Rio Grande do Norte. Graduada em Letras (UFRN). Especialista em Educação de Jovens e Adultos, pela mesma universidade. Professora mediadora de leitura literária na rede pública de ensino. Leciona inglês e português como língua estrangeira. Desde 2017, atua na produção cultural, no desenvolvimento de projetos sociais que integram educação e cultura. Idealizadora do projeto multicultural Sarau Quinta das Artes. Editora e curadora da Folha Poética. Articuladora do movimento feminista Literário Mulherio das Letras, no âmbito nacional e no regional Zila Mamede/RN. Apaixonada por livros, leitura e literatura, participa de diversos clubes de leitores, dentre eles o Mulheres Lendo Mulheres, Candeeiro Clube de Leitura e o LiVinhos – TAG Curadoria – Natal/RN. Tem publicações no gênero poesia, nas coletâneas O Livros das Marias (2019), Tanto Canto (2018) e em revistas literárias.

GRAÇA GRAÚNA: mulher indígena potiguara, nasceu em São José do Campestre/RN. Escritora, crítica literária, professora universitária. Graduada, mestre e doutora em Letras, pela Universidade de Pernambuco. Pós-doutora em Literatura, Educação e Direitos Indígenas, pela UMESP. Professora adjunta na Universidade de Pernambuco (UPE). Pesquisadora no campo de literatura e direitos humanos, cultura indígena. Atualmente vinculada ao Curso de Licenciatura em Ciências Sociais da UPE. Autora dos livros Canto Mestizo (poesia, 1999), Tessituras da terra (poesia, 2000), Tear da palavra (poesia, 2001), Criaturas de Ñanderu (narrativa, 2010), Contrapontos da Literatura Indígena Contemporânea no Brasil (ensaio, 2013), Flor da mata (poesis, 2014) e Fios do tempo (poesia, 2021). Participa de antologias poéticas, em jornais e revistas no Brasil e no Exterior, entre eles: Arte e Palavra (Sergipe), Suplemento Literário do Minas (elo Horizonte) e o Jornal de Letras (Lisboa). Membro titular do Conselho de Educação Escolar Indígena de Pernambuco. Convidada de honra da Sorbone/Paris, no Colóquio Amerianidades no Brasil e no Quebec, em nov/2017. Editora do Blog Tecido de vozes, na plataforma WordPress (gracagrauna.com). Líder do grupo de pesquisa GRUPEC: Grupo de Estudos Comparados – Literatura e Interculturalismo, na UPE. Integra o Movimento Feminista Literário Mulherio das Letras, junto ao regional Zila Mamede/RN e cujo Núcleo de Estudos de Escritoras Indígenas leva o seu nome.

JOSIMEY COSTA: jornalista, doutora em Antropologia com pós-doutorado em Comunicação e Cultura. Docente da UFRN e pesquisadora integrante do Marginália – Grupo de Estudos Transdisciplinares em Comunicação e Cultura da UFRN e o Juvenália, da ESPM-SP. Dirigiu o videodocumentário Imagem sobre imagem: a Segunda Guerra em Natal. Faz parceira em letras de música. Autora de artigos científicos publicados em periódicos e livros coletivos. Tem seis livros em co-autoria e cinco livros próprios publicados, sendo um de contos, dois de poemas e dois com os resultados de pesquisas antropológicas e de comunicação social. Tem poemas e contos em várias coletâneas. A coletânea de contos “Todos os sentidos” ganhou o prêmio Alejandro Cabassa como melhor livro de contos de 2004 concedido pela União Brasileira de Escritores. Em fase de finalização, conta com um livro de poemas e um ensaístico sobre jornalismo e humor. Participa do Mulherio das Letras Zila Mamede/RN.