Cartas para o Bem Viver: leia e compartilhe

Cada momento pode ser único em nossas vidas. Hoje tive vários momentos importantes e um deles foi ter o privlégio de acompanhar virtualmente o lançamento do livro “Cartas para o bem viver”, publicado pela editora Boto Cor de Rosa Livros, Arte & Café. Participo desse livro que foi organizado por Rafael Xucuru-Kariri e Suzane Lima Costa. O lançamento contou com a participação de Ailton Krenak e Angela Mendes (filha de Chico Mendes), entre outros autores.

O release enfatiza que se trata de um livro de “cartas-urgentes”, como dizem Suzane Lima Costa e Rafael Xucuru-Cariri. O livro traz cartas de indígenas e não indígenas “em uma conversa inesquecível em torno de um desejo de encontro com o Bem Viver”. Entre as 50 cartas, algumas, conforme os organizadores, foram escritas somente com imagens. Dessa antologia de cartas participam Ailton Krenak, Angela Mendes, Sônia Guajajara, Graça Graúna, Tim Ingold, Denilson Baniwa, Taquari Pataxó, Márcia Kambeba, Bianca Dias, Juvenal Payayá, Antonio Marcos Pereira, Rosinês Duarte, Stephanie Pujól, Paloma Vidal, Beth Rangel, Nego Bispo, Leonardo França, Arissana Pataxó e Milena Britto, entre outros. A obra foi lançada no dia 20 de Abril Indígea de 2021.

Que Nhanderu nos acolha,

Graça Graúna

(indígena potiguara/RN)

Para saber mais, acesse gratuitamente; leia e compartilhe:

Cartas de Ameríndia, “Cheiros do vento Sul”…

SANTANA, Paula. Os cheiros do vento sul. Serra Talhada/PE: Ed. da Autora, 2020.

Ficha Técnica

Ameríndia, novembro, dia 5 de 2019

Paula Santana: irmã de luta, poet’amiga.

Ao folhear as páginas do seu diário de campo, veio a ideia de escrever esta Carta para espantar as mazelas que se agregam não só ao Dia de Finados: dia de não esquecer a invasão de posseiros e a geografia violentada; dia também de lembrar que onde tem angico tem nascente e vem daí a ciência indígena pra macerar fumo brabo. Que honra, trilhar pelo caminho ancestral!

O cotidiano da história está prenhe de desafios. Pelo dito popular, “o mar não está p’ra peixe”. Apesar do mar de ódio/óleo, os cheiros do Vento Sul permitem o direito de sonhar, de adoçar a vida, de pensar ou dizer em voz alta a poesia tecida nas coisas bonitas que você viu no desenho das pedras, no sono dos pássaros, no voo dos peixes, na sombra da embaúba e no sagrado dos rios.

Querida Paula, o seu diário é de um aprendizado tão instigante que deixa na gente uma vontade enorme de abraçar, outra vez, o Velho Chico e o Rio Negro: pedagogia viva e cura dos povos ribeirinhos. Penso também nos Potiguara, nos Pankararu, nos encantados: amados praiás; e no abraço carinhoso que se recebe quando a gente chega ou se despede da aldeia. É sinestésica a leitura que vem do seu diário e não poderia ser diferente, pois o cheiro do banho de ervas (calêndula, lavanda, alecrim e canela) e do campiô acolhem o ser poético, o xamãnico e a encantadora de história que habitam na sua escritura híbrida.

Como esta Carta não termina aqui, dou-me o direito de um intervalo pra sustentar o fôlego e subir a serra; fôlego pra escutar o vento e fazer um giro completo em torno do Sol, como quer a poesia.

Saudações indígenas,

Graça Graúna

(Filha de Tupã, do povo Potiguara/RN)