
Canção óbvia
Paulo Freire*
Escolhi a sombra desta árvore
para repousar do muito que farei,
enquanto esperarei por ti.
Quem espera na pura espera
vive um tempo de espera vã.
Por isto, enquanto te espero
trabalharei os campos
e conversarei com os homens.
Suarei meu corpo, que o sol queimará;
minhas mãos ficarão calejadas;
meus pés aprenderão o mistério dos caminhos;
meus ouvidos ouvirão mais,
meus olhos verão o que antes não viam,
enquanto esperarei por ti.
Não te esperarei na pura espera
porque o meu tempo de espera
é um tempo de quefazer.
Desconfiarei daqueles que virão dizer-me
em voz baixa e precavidos:
É perigoso agir
É perigoso falar
É perigoso andar
É perigoso esperar, na forma em que esperas,
porque esses recusam a alegria de tua chegada.
Desconfiarei também daqueles que virão dizer-me,
com palavras fáceis, que já chegaste,
porque esses, ao anunciar-te ingenuamente,
antes te denunciam.
Estarei preparando a tua chegada
como o jardineiro prepara o jardim
para a rosa que se abrirá na primavera.
*Paulo Freire. Pedagogia da indignação. São Paulo: Unesp, 2000
Estimada Graça, peço a sua benção e a licença… Seu tecido de vozes é Terra fecunda! Obrigada por sua existência! Sou terna e eternamente grata aos ventos que me sopraram até aqui…
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Estimada Dulce: gratidão pela generosidade das suas palavras sobre o meu blog/site. Por meio deste Tecido de Vozes tenho a oportunidade de conhecer pessoas sensíveis, maravilhosas e desse modo tocar o barco do Esperançar. Feliz 2022. (Graça Graúna)
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Pois sigamos tocando o barco do Esperançar, querida Graça! Ao escrever, você dá conta da ancestralidade, do caminho de volta e com isso, dá de beber ao fogo da vida! Feliz 2022! Salve a doce centelha dos Encantados que nos anima tecendo este encontro. Gratidão!
(Dulce Mainuí)
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