Imagem: Flickr

Os reis mag(r)os lentamente
caminham pelo sertão
anunciam que a vida
é de curta duração
enquanto o sol arrebentar
em pedacinhos o chão
Léguas e luas de sede
ovos de camaleão,
mas nem tudo está perdido:
na direção da estrela
a flor do mandacaru
traz esperança ao sertão

Graça Graúna (indígena potiguara/RN)

poema publicado originalmente em cartão postal, em dezembro de 1981.
Nota: poema publicado no Overmundo

10 comentários sobre “Folia de reis

  1. De uma sensibilidade imensa tua analogia: reis e retirantes…A estrela anunciante, o sol maior….Deixo-te algo meu, como filha de sol forte que sou:Quando tu me [Nor]deste tua sedeSou desértica em sedesemântica de serNordeste.Descalça descaminhopor paisagens não-verbaisEspinho.Fotossíntese em sintaxesol que chora, cora e arde[pela chuva]Sertão.Soul nublada.Soul crepúscula.Meu poema feito ave[de arribação]….Nos sulcos desse soloInscrevo-me em entrelinhasEscorro-me em desalinho..SeRio secoSorrio em cheio[boca sequiosa a olhar o céu].É quando conto preces miudinhasNas contas das mãos rezadeirasmulheres rendeirasnão se rendem à falta de[bordam-se da fé que alguém perdeu].Povo meu!Segue o desvio da sua sinalavadeiras sem leito, sem fozsem vozes justiceirasvagueando à luz de seremcandeeiras, lamparinasem seus passos pacientesde Sinhá Vitória rouca,de esperança Severina..Katyuscia CarvalhoUm beijo.

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